O velho xamã,
Ardia em louvor e bateu seu tambor,
No ritmo do coração… No pulso da terra,
A oração ecoou pelos vales e montanhas do mundo!
A mãe terra pulsou vida e mistérios,
No voo da águia no uivo do lobo,
Na madrugada fria das montanhas solidão,
Então a cabana do velho xamã crepitava humana fogueira!
Fogueira de sonhos na magia da fé,
Fogueira de gratidão pelo mais lindos dos templos de adoração,
Fogueira de bênçãos ao verde das matas e aos vales férteis,
Fogueira de êxtase e paixão pela beleza do templo natureza!
O velho é xamã filho da terra,
Bebe em seus rios a saúde da natureza,
Come seus frutos sem depredar, caça seu alimento,
Sem extinguir cuida de sua Deusa mãe e por ela é cuidado!
Agora o sol arde sem piedade,
As árvores tombaram sob o jugo do machado e do motosserra,
As águas envenenadas são o fétido esgoto do modernismo sem amor,
Natureza morta virou beleza clássica…
E o tambor do xamã agora soa lento,
Não há nele ritmo nem esperança…
O xamã moderno é herdeiro da fé e da sabedoria,
Mas o templo natureza morre a cada dia em sua beleza!
E o sol… O sol sempre arderá sua vingança,
Calor tórrido sobre vida frágil, sem sombra nem água,
Castigo dobrado aos filhos da destruição que comerão,
Até o esqueleto da exaurida Deusa mãe terra até sua morte!
José Ignácio Godoy
Mago Peregrino