Resolvi viajar, desci os degraus da torre
Do meu castelo, ultrapassei,
O nível das masmorras, onde,
Vislumbrei pequenos monstrinhos
Acorrentados e por grades contidos,
Ouvi seus lamentos em grotescos grunhidos.
Castigo cruel aquele, pensei,
Enquanto seguia viagem.
Segui minha viagem agora pelos labirintos e porões
Do subsolo, sempre descendo,
Fui me aprofundando nestes mundos
Sombrios, onde habitam monstros,
E homúnculos, raramente visitados.
Cada degrau da descida era desafiador,
Em um confronto de possibilidades.
Em dado momento fui acompanhado por alguém,
Era homem, nunca pude ver seu rosto,
Apesar das varias tentativas,
Ele trajava uma longa capa violeta,
Sempre me protegendo e ensinado
Com loquaz sabedoria, tinha, a,
Voz firme, mas mansa e compassada.
Já cansado resolvi voltar,
Comuniquei meu desejo ao insólito guia,
O qual pronunciou algumas palavras
De poder e magia, algo que nunca,
Ouvi antes. Acordei na minha cama
No aconchego do lar, mas é claro,
Estava ainda atônito pela experiência
A pouco vivida.
Esta viagem descobri mais tarde, foi um,
Passeio aos porões de mim mesmo.
Vi ali todas as possibilidades do vir a ser,
Tanto para o bem, quanto para o mal,
Vi ali vícios, defeitos, desvios de conduta,
E monstruosidades de toda sorte encadeadas
Retidas em estado de suspensão. Tinha ali também, muitas,
Qualidades, e conhecimentos adormecidos a espera de atitude
Sonhos e desejos, para aflorarem,
Para o mundo superior da minha realidade palpável.
Descobri mais tarde que meu Mestre interior
Acompanhou-me no final da descida,
Para me auxiliar na subida, além de,
Trazer a luz do conhecimento como
Lâmpada para meus olhos, no intuito,
De livrar-me das armadilhas, deste,
Poço sem fundo… Denominado MENTE.
José Ignácio Godoy
Bruxo Godoy